Letras Uneb/Ipiaú - Turma 2009.1

"O homem sentiu sempre - e os poetas frequentemente cantaram - o poder fundador da linguagem, que instaura uma sociedade imaginária, anima as coisas inertes, faz ver o que ainda não existe, traz de volta o que desapareceu". (Émile Benveniste)

22.11.09

Equipe: Crecia, Deise e Karine.

Resumo Crítico

No texto As contradições da herança de Pierre Bourdieu, ele cita que segundo Heródoto, na época dos primórdios, a vida entre os persas decorreu bem, pois, eles se contentavam em ensinar as crianças a montar a cavalo, atirar com arco e não mentir. E observa que atualmente nas sociedades diferenciadas, coloca-se de maneira muito particular a questão absolutamente fundamental em toda sociedade: que é a ordem das sucessões, ou seja, a gestão da relação entre pais e filhos e, mais precisamente, da perpetuação da linhagem e de sua herança, o pai, essa espécie de “tendência a preservar no ser”, perpetuar a posição social. É preciso muitas vezes distinguir-se dele, supera-lo e, em certo momento senti-lo e nega-lo, um exemplo o pai e o filho. A transmissão da herança depende de todas as categorias sociais (embora em graus diversos – instituições de ensino que funcionam como um princípio da realidade). Por causa da perpetuação da linhagem de sua herança, onde os pais muitas das vezes impõe aos filhos que eles sigam essa perpetuação, levando a ocorrência de fracassos e decepções. É papel hoje da escola confirmar ou opor-se a eles.Essa escola contribui decisivamente para a constatação da identidade.Na matriz da trajetória social e da relação com essa trajetória ocorre, duplas vinculações (que nascem especialmente das discordâncias entre as disposições do herdeiro e o destino encerrando em sua herança). A família (Genéricas: em todas as famílias, ligadas a propensão a se perpetuar e específicas: segundo as características da herança) é geradora de tensões e contradições. O pai é o sujeito e o instrumento de um “projeto” (em suas disposições herdadas, é transmitido inconscientemente, explicitamente, por ações educativas).Herdar é transmitir essas disposições.”A identificação do filho com o desejo do pai, com desejo de ser continuado faz o herdeiro sem história” (P. 232).O pai em trajetória interrompida, o filho que rejeita o pai, real é aceitar, tomando-o por conta própria, o ideal.O pai que rejeita (nega), fazendo sua própria superação, o desejo do pai.Muitas pessoas sofrem continuamente devido as decomposições entre duas realizações e as expectativas dos pais que eles não conseguem satisfazer sem repudiar.
O filho para “fazer sua vida”, nega a herança que o pai levou toda uma vida construindo e isso é doloroso tanto para o pai como para o filho. Quando o filho herda a herança do pai o seu fracasso se torna maior, mas quando o filho decide seguir seu próprio caminho o seu êxito é maior que o fracasso.
Diante disso é necessário evitar que a família se transforme na causa última dos mal-estares, que ao que parece é determinado por ela. Conclui apresentando a análise do “romance familiar de neuróticos”, em que o autor Freud observava que, muitas das vezes, os sonhos diurnos da pós-puberdade apropiam-se do “tema das relações familiares”, para ele isto servia para realizar desejos, corrigir a existência tal como ela é, e que visam principalmente, dois objetivos, que são o erótico e o ambicioso. Segundo o psicanalista por detrás deste (o objeto ambicioso) esconde-se, também, quase sempre, o objetivo erótico. Bourdieu não afirma nem invalida essa afirmação, ele apenas chama a atenção para o que o psicanalista transmite em silêncio: que o desejo apenas se manifesta, em cada campo, sob a forma específica que, em determinado momento do tempo, lhe é atribuída por esse campo e que é, em mais de um caso, a da ambição.
Através da leitura do texto percebemos que, o autor discute sobre as relações familiares. Ao citar vários exemplos do pai e do filho, podemos exemplificar assim de acordo com o que compreendemos que diversas poderiam ser essas situações, dentre elas: um pai que é advogado e quer que o filho siga a sua profissão, neste contexto o filho poderia aceitar o pedido do pai e viver uma vida, que não seria sua, daí a afirmação citada anteriormente “a identificação do filho com o desejo do pai com desejo de ser continuado faz o herdeiro sem história” (P. 232), ou seja, ele aceita o que o seu pai o impõe. Um outro exemplo seria de um pai que deseja que o filho faça vestibular para medicina, porém ele quer fazer vestibular para direito, ele não segue a vontade do pai e faz vestibular para o que ele deseja, ou seja, o contraria. Ou ainda um filho que se torna médico, atendendo ao pedido do pai, porém se tornar profissional, mas, se sente decepcionado por ter escolhido esta profissão, pois, ele descobriu que não tinha vocação para atuar nesta profissão, daí atribuir à família a culpa de fracassos e decepções. No que diz respeito à escola esta tem o papel fundamental para a formação da identidade, sendo que ela pode se opor ou confirmar a opinião da família.

Referência:

BOURDIEU, Pierre.”Lês contradictions de I’héritage”, publicado originalmente In BOURDIEU, P. (org.), La Misére du monde, Paris, Éditions du Seuil, 1993.P. 711-718.

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